Logo na abertura do Encontro de Pesquisadores do Espiritismo, realizado em agosto desse ano, tivemos uma grata surpresa, que compartilhamos com os amigos do blog: uma carta do grande pesquisador e escritor espírita Hermínio Miranda aos participantes do Encontro. Confiram na íntegra.
"AOS ESTUDANTES E PARTICIPANTES DO 7. ENCONTRO DA
LIGA DE PESQUISADORES DO
ESPIRITISMO
Meus jovens amigos e amigas de ontem, de hoje, de
amanhã e de sempre:
Gostaria de estar pessoalmente aqui, para viver
este momento com vocês. De certo modo, contudo, é bom que eu não esteja. Sou um sujeito
emotivo e até a minha cardiopatia é tida pelos médicos como de natureza emocional. Como iria
eu administrar minhas emoções, ao partilhá-las com vocês?
Alegra-me sobremodo ver vocês trabalhando na
realização do impossível. Digo isto ao me lembrar de Sir Winston Churchill, que costumava
dizer mais ou menos assim: “Difícil é aquilo que a gente pode fazer imediatamente. O impossível
é que demora um pouco mais.”
As leis divinas me concederam generosamente, tempo
para realizar algumas impossibilidades pessoais, superando pretensos obstáculos e supostos
limites, que misteriosamente desmaterializavam-se e me deixavam passar.
Foi assim que me tornei até um escritor. Imaginem
só: eu, escritor!
Somente agora estou percebendo que os “impossíveis”
começaram a acontecer, depois que tomei conhecimento da abençoada Doutrina dos
Espíritos, nos idos de 1957.
De algum tempo para cá passei a perceber algo
singular. Ou seja: como é que a gente assiste em certo nível de indiferença ao doloroso
espetáculo do estrangulamento do processo evolutivo da humanidade pelos implacáveis punhos do
materialismo dominante? É claro que, no decorrer de tal ditadura ideológica, avançamos
consideravelmente nas badaladas e sofisticadas conquistas tecnológicas. Mas, não é a
esse aspecto que me refiro. Desejamos mais do que isso, muito mais. E para toda a comunidade
humana onde quer que ela esteja pelas dobras infinitas do espaço imenso.
Será que não podemos mudar – pacificamente e sem
dores, pelo amor de Deus! --os modelos políticos, sociais, econômicos, religiosos e
culturais? Claro que sim. Não apenas podemos, mas devemos mudá-los.Temos de mudá-los.
Vocês já estão trabalhando no projeto de
reformatação do mundo em que vivemos e no qual, viveremos ainda, não sei quantas vidas. Estão
levando para o autorizado foro de debates do meio acadêmico, a desprezada realidade de que não
somos meros corpos físicos perecíveis, mas espíritos imortais, pré-existentes,
sobreviventes e reencarnantes.
Convém lembrar, ainda, que, ao separar
didaticamente o território das coisas materiais, do espaço reservado às imateriais, Mestre Aristóteles
certamente não pretendeu demonizar a Metafísica. Quis apenas chamar a atenção para o
fato de que esses vetores de conhecimento exigem abordagem e tratamento diferenciados e
despreconceituosos de gente que se disponha honestamente a aprender com os fatos.
Decorridos mais de dois milênios, ainda ouvimos
dizer que os componentes metafísicos da vida são, crendices e fantasias pré-científicas,
indignas da atenção de intelectuais que se prezam. O que desejamos é presença de gente
qualificada que nos ouça e ajude a retirar o estigma que pesa sobre realidade espiritual. O
resto virá por acréscimo.
Parodiando o ex-Presidente Kennedy, não aspiremos
ao que mundo pode fazer por nós, mas ao que podemos fazer pelo mundo.
Que Deus nos abençoe. E nos inspire sonhos como
este, dado que, se não sonharmos, como é que nossos sonhos vão se realizar?
Eis o singelo recado do velho escriba.
Hermínio C. Miranda
Agosto de 2011"
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