Raul Ventura
“O dom da mediunidade é tão
antigo quanto o mundo. Os profetas eram médiuns. Os mistérios de Elêusis se
fundavam na mediunidade. Os caldeus e os assírios dispunham de médiuns.
Sócrates era dirigido por um Espírito que lhe inspirava os admiráveis
princípios de sua filosofia; ele lhe ouvia a voz. Todos os povos tiveram seus
médiuns e as inspirações de Joana d’Arc não eram mais do que vozes de Espíritos
benfazejos que a dirigiam (...)”
Assim nos afirma o Espírito Pierre
Jouty em O Livro dos Médiuns, capítulo XXXI, “dissertações espíritas”. Essa
faculdade, inerente ao homem e que possibilita a comunicação entre os vivos e
os mortos, independe de raça, sexo ou religião. Dessa forma, é natural que
encontremos médiuns entre os adeptos das mais variadas crenças, mesmo que o
intercâmbio entre o plano material e o plano espiritual não faça parte de seus
dogmas.
No campo do catolicismo,
encontramos um excelente trabalho do escritor espírita Clóvis Tavares, que
resultou no livro “Mediunidade dos Santos”, obra na qual o pesquisador elenca uma gama enorme de tipos de mediunidade presentes em diversos santos, alguns
deles bastante conhecidos, como Dom Bosco, Santa Margarida, Santa Tereza D’Ávila
e Santo Antonio de Pádua. Isso, diga-se de passagem, ele o faz com base em
documentos reconhecidos pela própria Igreja Católica.
No dia 02/11, tivemos a
oportunidade de assistir a uma reprise de uma interessante entrevista no
Programa Sem Censura com o advogado e católico Pedro Siqueira, que afirma ver
e conversar com Nossa Senhora desde criança. Há 20 anos, ele lidera um grupo de
terço, sempre com a igreja lotada, onde além de orar e tocar músicas, recebe
mensagens dirigidas aos fiéis que se encontram presentes, e que segundo ele, são
ditadas por alguns santos e pela própria mãe de Jesus Cristo.
Seus relatos são realmente bastante
interessantes. Sobre a concentração para o trabalho, Pedro Siqueira afirma que ao
“entrar numa faixa de sintonia, o mundo espiritual se abre à sua mente (...) e
os fenômenos começam a acontecer”. Quanto à Nossa Senhora, ele a descreve em
detalhes, destacando que assim como ela aparece de uma forma diferente de acordo com os
lugares do mundo onde se manifesta, ele também a vê de uma outra forma: “parece
uma menina de 15, 16 anos no máximo”; "quando ela chega no grupo de terço, vem
uma luz dourada muito forte que toma conta do teto da igreja e que forma uma
espécie de bola ou círculo que vai se espalhando em toda a igreja e pra fora
dela, ficando todos dentro dessa luz (...) ”. Sobre o sono, menciona que às
vezes acorda em Espírito do outro lado, onde chega a ver “alguns” purgatórios,
onde as cores são mais vívidas que no plano material e onde a sua visão, “inexplicavelmente”,
é de 360 graus.
Quanto ao fato de se comunicar
diretamente com Maria de Nazaré, sabemos que isso não é, de modo algum,
impossível. Lembramos, no entanto, que muitas vezes os bons Espíritos se
apresentam de modo a impressionar os médiuns de acordo com as crenças que estes
professam, algumas vezes utilizando nomes que tem um maior significado para o
medianeiro. Consideram esses Espíritos que o mais importante não é a forma ou o
nome que tomam, mas as mensagens que desejam transmitir.
A partir dos relatos que conta e,
embora ele desconheça as causas de tais manifestações, como ele mesmo diz - “nunca
li nada a respeito que pudesse explicar a origem desses fenômenos” - não temos
dúvida: o nosso irmão Pedro Siqueira trata-se de um MÉDIUM.
Para quem ainda não viu, recomendo
que assista e tire suas próprias conclusões. Eu já tirei as minhas.
* A entrevista inicia logo após a introdução do programa feita pela
apresentadora Leda Nagle e dura em torno de 25 minutos.