A abordagem deve sempre tratar de temas
relacionados ao Espiritismo.
* * *
Osmar Marthi
Amigo leitor, convido você a responder a
seguinte questão: se você fosse a uma universidade, digamos, no curso de
Matemática, como convidado para assistir a uma aula, esperaria o que? A
resposta parece óbvia: assuntos relacionados ao curso, como trigonometria,
álgebra, geometria, etc.
Pois bem, dá-se o mesmo com a casa espírita. Se
você vai a uma instituição que segue e procura divulgar a Doutrina espírita,
pautando suas atividades na Codificação kardequiana, como toda instituição
espírita deve fazer, espera encontrar ali, na exposição da palestra pública,
assuntos relacionados à vida do Espírito, seja ele encarnado ou desencarnado,
sob a ótica e orientação da Doutrina Espírita, com bibliografia utilizada para
tal nas obras básicas e complementares, como a obra mediúnica de Chico Xavier,
Divaldo Pereira Franco, as obras de Herculano Pires, Hermínio C. Miranda, por
exemplo, que são também referências na Doutrina Espírita.
Mas nem sempre isso ocorre. Muitas vezes
encontramos companheiros expositores nas casas espíritas, com boa vontade –
ressalte-se –, abordando os mais diversos temas, o que é louvável, mas sem uma
gota sequer de Doutrina Espírita; muitas vezes expondo suas opiniões pessoais,
ou de autores notadamente divergentes com a Codificação, fato que nos preocupa,
já que o espaço para divulgação e ensino da Doutrina Espírita deve ser a casa
espírita, afinal para isso ela existe.
Claro que sempre iremos orientar o ser que nos
procura, atendendo suas necessidades, mas sempre sob a ótica e propostas da
Doutrina Espírita. Mesmo parecendo óbvia, faz-se necessária esta análise, como
apelo a dirigentes e expositores para que meditem profundamente na questão, sob
o grave risco de termos casas espíritas apenas com o Espiritismo em seu nome,
ou constando em seus estatutos, mas totalmente ausente em seus ensinos.
Lembremo-nos de que a reunião pública na casa
espírita é a porta de entrada do neófito da Doutrina a seus ensinos, portanto,
conforme o que ele ouvir ali, fará ideia do que seja a própria Doutrina
Espírita, decidirá continuar ou não como freqüentador da casa, adepto da
Doutrina Espírita e mais, será orientado, consolado ou não...
Temos em nossas mentes, corações e mãos
precioso conjunto de princípios morais religiosos, embasados na ciência e
filosofia espíritas, arduamente pesquisados e codificados pelo insigne Allan
Kardec, sob a égide do Espírito de Verdade, de profundas orientações para a
humanidade. E o que fazemos com esse inestimável recurso moral? Ignoramos e
falamos de assuntos os mais diversos, ou aprofundamo-nos nessa inesgotável
fonte de luzes e as espargimos aos corações sedentos que a buscam?
Ensina-nos Herculano Pires, o “metro que melhor
mediu Kardec”, no dizer de Emmanuel: “Os
serviços mais urgentes de cada centro são os de instrução doutrinária de velhos
e novos adeptos, tanto uns como outros carentes de conhecimento doutrinário.
Bem executado esse serviço, todos os demais serão feitos com mais facilidade.”1
E também a querida professora Therezinha
Oliveira: “...o objetivo maior da
Oratória a Serviço do Espiritismo, (...) é o de instruir adequadamente os
freqüentadores do centro, para que assimilem o melhor possível, os princípios
da Doutrina e a essência do Evangelho.”2
Talvez se argumente que os textos da
Codificação devam ser estudados em cursos específicos, com pessoas que tenham
um interesse específico no aprofundamento do conhecimento. Sim, teremos grupos
de estudos com esse perfil, mas não podemos abdicar de divulgar as obras de
Kardec sempre numa reunião pública, levando ao público, conforme seu perfil,
esse conteúdo, adequando-se técnicas de exposição, tempo, abordagem e
aprofundamento, afinal, aquele que busca a casa espírita espera e merece
receber a Doutrina Espírita, tocando sua mente e seu coração.
Essa é a missão do dirigente e do expositor
espírita e que nos será cobrada.
1. PIRES, J. Herculano. O Centro Espírita. Cap.
II, pag. 1, 1.ed. Editora Paidéia, janeiro de 1980.
2. OLIVEIRA, Therezinha. Oratória a Serviço do
Espiritismo. Coleção Estudos e Cursos. pag.11 e 12, 5.ed. Departamento
Editorial do Centro Espírita Allan Kardec, Campinas-SP.
O autor é economiário, licenciado e
pós-graduado em Língua Portuguesa e expositor espírita; vincula-se à Sociedade
Espírita e Filantrópica Irmã Francisca, de Sorocaba-SP.
Fonte: Revista Internacional de Espiritismo, Dezembro/2013.