sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Definindo o tema da palestra na casa espírita



A abordagem deve sempre tratar de temas relacionados ao Espiritismo.

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Osmar Marthi

Amigo leitor, convido você a responder a seguinte questão: se você fosse a uma universidade, digamos, no curso de Matemática, como convidado para assistir a uma aula, esperaria o que? A resposta parece óbvia: assuntos relacionados ao curso, como trigonometria, álgebra, geometria, etc.

Pois bem, dá-se o mesmo com a casa espírita. Se você vai a uma instituição que segue e procura divulgar a Doutrina espírita, pautando suas atividades na Codificação kardequiana, como toda instituição espírita deve fazer, espera encontrar ali, na exposição da palestra pública, assuntos relacionados à vida do Espírito, seja ele encarnado ou desencarnado, sob a ótica e orientação da Doutrina Espírita, com bibliografia utilizada para tal nas obras básicas e complementares, como a obra mediúnica de Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, as obras de Herculano Pires, Hermínio C. Miranda, por exemplo, que são também referências na Doutrina Espírita.

Mas nem sempre isso ocorre. Muitas vezes encontramos companheiros expositores nas casas espíritas, com boa vontade – ressalte-se –, abordando os mais diversos temas, o que é louvável, mas sem uma gota sequer de Doutrina Espírita; muitas vezes expondo suas opiniões pessoais, ou de autores notadamente divergentes com a Codificação, fato que nos preocupa, já que o espaço para divulgação e ensino da Doutrina Espírita deve ser a casa espírita, afinal para isso ela existe.

Claro que sempre iremos orientar o ser que nos procura, atendendo suas necessidades, mas sempre sob a ótica e propostas da Doutrina Espírita. Mesmo parecendo óbvia, faz-se necessária esta análise, como apelo a dirigentes e expositores para que meditem profundamente na questão, sob o grave risco de termos casas espíritas apenas com o Espiritismo em seu nome, ou constando em seus estatutos, mas totalmente ausente em seus ensinos.

Lembremo-nos de que a reunião pública na casa espírita é a porta de entrada do neófito da Doutrina a seus ensinos, portanto, conforme o que ele ouvir ali, fará ideia do que seja a própria Doutrina Espírita, decidirá continuar ou não como freqüentador da casa, adepto da Doutrina Espírita e mais, será orientado, consolado ou não...

Temos em nossas mentes, corações e mãos precioso conjunto de princípios morais religiosos, embasados na ciência e filosofia espíritas, arduamente pesquisados e codificados pelo insigne Allan Kardec, sob a égide do Espírito de Verdade, de profundas orientações para a humanidade. E o que fazemos com esse inestimável recurso moral? Ignoramos e falamos de assuntos os mais diversos, ou aprofundamo-nos nessa inesgotável fonte de luzes e as espargimos aos corações sedentos que a buscam?

Ensina-nos Herculano Pires, o “metro que melhor mediu Kardec”, no dizer de Emmanuel: “Os serviços mais urgentes de cada centro são os de instrução doutrinária de velhos e novos adeptos, tanto uns como outros carentes de conhecimento doutrinário. Bem executado esse serviço, todos os demais serão feitos com mais facilidade.”1

E também a querida professora Therezinha Oliveira: “...o objetivo maior da Oratória a Serviço do Espiritismo, (...) é o de instruir adequadamente os freqüentadores do centro, para que assimilem o melhor possível, os princípios da Doutrina e a essência do Evangelho.”2

Talvez se argumente que os textos da Codificação devam ser estudados em cursos específicos, com pessoas que tenham um interesse específico no aprofundamento do conhecimento. Sim, teremos grupos de estudos com esse perfil, mas não podemos abdicar de divulgar as obras de Kardec sempre numa reunião pública, levando ao público, conforme seu perfil, esse conteúdo, adequando-se técnicas de exposição, tempo, abordagem e aprofundamento, afinal, aquele que busca a casa espírita espera e merece receber a Doutrina Espírita, tocando sua mente e seu coração.

Essa é a missão do dirigente e do expositor espírita e que nos será cobrada.

1. PIRES, J. Herculano. O Centro Espírita. Cap. II, pag. 1, 1.ed. Editora Paidéia, janeiro de 1980.
2. OLIVEIRA, Therezinha. Oratória a Serviço do Espiritismo. Coleção Estudos e Cursos. pag.11 e 12, 5.ed. Departamento Editorial do Centro Espírita Allan Kardec, Campinas-SP.

O autor é economiário, licenciado e pós-graduado em Língua Portuguesa e expositor espírita; vincula-se à Sociedade Espírita e Filantrópica Irmã Francisca, de Sorocaba-SP.

Fonte: Revista Internacional de Espiritismo, Dezembro/2013.