quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O que a física quântica tem a ver com o espiritismo?

Escrito por Eliana Haddad   

Há pouco mais de um século, o físico Max Planck tentava compreender a energia irradiada pelo espectro da radiação térmica, calor que todos  os corpos emitem, e chegou a algumas conclusões que balançaram os princípios da física clássica. Nascia assim a física ou mecânica quântica, trazendo novos conceitos, como a não localidade.
Mas o que a física quântica tem a ver com espiritualidade? Em entrevista ao Correio Fraterno, o doutor e professor de física no Departamento de Física da Faculdade de Ciências da UNESP, em Bauru, Alexandre Fontes da Fonseca*, fala sobre o assunto e alerta para as conclusões apressadas e indevidas ao se falar sobre o tema no meio espírita.

O que é física quântica?
Física quântica é o ramo da física que estuda e descreve o comportamento da matéria em escala microscópica (atômica e subatômica). Ela se baseia no fato de que trocas de energia entre sistemas atômicos só podem ocorrer em múltiplos de um determinado valor que é, então, chamado de quantum, daí o adjetivo 'quântico'. A energia do sistema não pode ter qualquer valor, mas apenas valores associados a determinados 'estados físicos'. Podemos comparar esses 'estados físicos' a prateleiras de uma estante. Os livros só podem se situar em alturas dadas por cada prateleira, mas nunca entre uma prateleira e outra.A física quântica, é preciso enfatizar, é uma teoria da matéria, isto é, desenvolvida para descrever o comportamento de objetos materiais.

O que a física quântica tem a ver com o espiritismo? Precisamos dela para compreendê-lo?
Não tem nada a ver com o espiritismo. Ambas são teorias diferentes, desenvolvidas para descrição de 'objetos' de estudo distintos. Enquanto a física quântica é uma teoria da matéria, o espiritismo é a ciência do espírito.
Para apreender e compreender o espiritismo e seus pontos fundamentais, em nada precisamos da física quântica ou de outras teorias modernas da ciência.

Percebe-se um alvoroçado interesse dos espíritas pela física quântica, muitas vezes para justificar a existência do espírito. Isso está correto?
Apesar de a intenção ser boa, isso não está correto! Esse interesse decorre de algumas interpretações 'estranhas' da teoria quântica (isto é, que estão fora do senso-comum) que fazem pensar que os fenômenos espíritas (também considerados fora do senso-comum) devam ter relação direta com essas interpretações. Esse tipo de extrapolação ou relação superficial entre conceitos da física e do espiritismo não é uma prática científica!

Como assim, interpretações estranhas? Pode dar um exemplo?
Ao tentar entender o comportamento quântico das partículas em nível microscópico, surgem interpretações como: um objeto pode estar em mais de um lugar ao mesmo tempo; influência da consciência do observador nas medidas experimentais; uma partícula pode se comportar como uma onda e vice-versa; a existência de universos paralelos; ligação não local, etc.
Essas interpretações são estranhas, pois decorrem da tentativa de se perceber o comportamento das partículas microscópicas com as impressões que temos do mundo macroscópico, através dos nossos cinco sentidos. Essa é apenas uma das razões para evitar que se façam relações superficiais entre conceitos quânticos e conceitos espíritas.

Mas que problemas acarretariam a aceitação desse tipo de relação entre física quântica e espiritismo?
A invigilância e a falta de conhecimento sobre o que é ciência e de como ela progride favorecem a abertura de brechas no movimento espírita para a assimilação de teorias e doutrinas pseudocientíficas que, por usarem conceitos da física quântica na sua descrição, encantam as pessoas fazendo-as achar que se trata de teorias e doutrinas científicas. Como Kardec, em A gênese, propõe que o espiritismo esteja sempre de acordo com a ciência, alguns companheiros espíritas um pouco apressados e sem entendimento profissional do assunto adotam e propagam algumas teorias e práticas místicas, só porque elas se consideram científicas por usarem conceitos da física. Esquecem-se de que o espiritismo orienta que "é melhor repelir dez verdades do que admitir uma só falsidade" (Erasto, item 230 de O livro dos médiuns). A vigilância, portanto, com relação a esse tipo de assunto deve ser mais que redobrada! E tem gente se aproveitando da ignorância do público leigo para ganhar dinheiro com venda de livros, dvds, seminários, documentários, cursos, congressos, etc., todos utilizando-se o adjetivo "quântico" sem ter respaldo formal e rigoroso da física. O movimento espírita deve se precaver contra isso. Se estudarem a fundo o que é ciência, o que é física e, o mais importante, o que é o espiritismo, muitas dessas confusões vão deixar de existir.

Você teria exemplos de teorias e práticas baseadas na física quântica que mesmo bem intencionadas carecem de bases científicas?
Sim. Uma dessas teorias, que tem sido muito divulgada no movimento espírita, como demonstração científica de conceitos como Deus, alma, reencarnação e mediunidade, está contida na obra Física da alma, de Amit Goswami. Segundo ele, a alma após o desencarne permanece num estado permanente de sono, que perdura até a próxima encarnação. Para Goswami, o mundo espiritual não tem graça, por permanecerem os espíritos inconscientes. Nosso Lar e André Luiz não existem no mundo espiritual de Goswami. Vê-se que não precisa saber de física quântica para perceber o absurdo doutrinário de suas teorias!
Outra teoria que tem atraído alguns companheiros espíritas é a chamada apometria. Ela surgiu como uma técnica de desdobramento destinada a ajudar pessoas com problemas espirituais e de saúde. Suas obras básicas são apresentadas como totalmente baseadas em conceitos e equações da física. Porém, a teoria usa de maneira equivocada os conceitos da física, faz extrapolações no campo da pesquisa de maneira inapropriada e define equações sem nenhuma coerência interna ou com relação à física, não satisfazendo os rigores mínimos de desenvolvimento nessa área.
Há também uma teoria baseada na física conhecida e respeitada no movimento espírita. O autor dedicou muitos anos à pesquisa de fenômenos espíritas e foi muito idealista, além de pessoa fraterna e inteligente deixando inúmeros amigos e seguidores. Trata-se da teoria corpuscular do espírito ou, mais recente, teoria do psi quântico, de Hernani G. Andrade. Hernani propôs uma teoria para a matéria psi similar à teoria quântica da matéria, propondo que o espírito fosse composto por essa matéria. A ideia é interessante, porém a forma como as partículas da matéria psi foram propostas não seguiram metodologia e rigores que se empregam na pesquisa e desenvolvimento de novas teorias em física. A teoria de Hernani contém erros de física, além de extrapolar conceitos sem o devido rigor formal usado na física. Apesar de valer a leitura pelas informações e pela criatividade, o psi quântico não pode ser considerado uma teoria científica legítima.

Para o espiritismo, temos na base de tudo Deus, espírito e matéria. Onde a física quântica se encaixaria?
A física quântica nada mais é do que uma criação humana para tentar descrever alguns fenômenos naturais em escala microscópica. É uma tentativa de entender, utilizando-se uma sofisticada linguagem matemática, algumas leis naturais válidas para a matéria.

Afinal, existe uma 'nova física' que possibilitaria outras vias de acesso ao conhecimento, além dos métodos da ciência atual? Que novidade é essa?
Não existe 'nova física' que possibilite outra via de acesso ao conhecimento! "Para coisas novas precisamos de palavras novas", já dizia Kardec! Quando uma nova via de acesso ao conhecimento surgir, será preciso dar um nome novo para distingui-la das vias de acesso conhecidas. Precisará também ser testada e verificada como, de fato, uma "via de acesso ao conhecimento". Os defensores de uma nova física apenas estão pretendendo valorizar conceitos místicos, usando o status que a física tem na sociedade. Isso é uma forma moderna de enganar o público leigo que não conhece física e não sabe avaliar cientificamente a 'novidade'. É preciso tomar muito cuidado, lembrando que Kardec sempre apoiou a ciência formal e não movimentos pseudocientíficos.

Na sua visão, a física quântica vai identificar a existência do espírito, como inteligência, independente da matéria?
Não! Não é a física quântica a origem da inteligência no espírito! O espírito se revela pelo conteúdo de suas mensagens! E foi assim que o espiritismo identificou e comprovou a existência da alma, sua sobrevivência e a possibilidade de comunicação com os encarnados. No máximo, a física um dia irá contribuir no entendimento de como ocorre a interação entre fluidos espirituais (perispírito, por exemplo) e matéria (corpo físico).
Devemos combater a tentação de obter mérito sem o devido aprofundamento no estudo. Espiritismo é uma doutrina ao mesmo tempo simples e robusta. Simples nos seus propósitos de regeneração da humanidade através da regeneração de cada um de nós; e robusta nas suas bases que não são somente científicas, mas também divinas. O espiritismo é a única doutrina conhecida na humanidade que tem um duplo caráter de uma revelação: o caráter divino e o científico (Kardec, item 13 do cap. I deA gênese). Portanto, saibamos valorizar o espiritismo na forma como foi revelado pelos bons espíritos, pois temos um compromisso de estudá-lo e compreendê-lo, para então poder ajudá-lo a se desenvolver dentro dos parâmetros de qualidade e seriedade que o tornarão conhecido e respeitado por todos.

*Participa no Centro Espírita Amor e Caridade, em Bauru, SP, e da Liga de Pesquisadores do Espiritismo. É fundador do Jornal de Estudos Espíritas (JEE), publicação online dedicada com artigos de pesquisa espírita.  

Veja a entrevista na versão ampliada  de Alexandre Fontes da Fonseca, incluindo as respectivas referências bibliográficas.

Texto publicado no jornal Correio Fraterno, edição 452 - julho-agosto/2013

domingo, 5 de maio de 2013

CURRICULUM VITAE MINUDENCIADO - DIVALDO FRANCO


O médium espírita Divaldo Pereira Franco completou hoje (05/05/2013) 86 de anos de vida. Como homenagem a este incansável seareiro do Espiritismo, disponibilizamos no link abaixo um trabalho realizado por um dos seus mais destacados biógrafos, o pesquisador Washington Fernandes*, que gentilmente nos enviou no começo do ano, um curriculum minudenciado de Divaldo.

CURRICULUM VITAE MINUDENCIADO - DIVALDO FRANCO

* Escreveu para a 2 ed. da Revista Nova Aurora o artigo "O Piauí foi a porta de abertura para Divaldo no exterior".

domingo, 28 de abril de 2013

Espiritismo e Espiritualismo


A sociedade espírita em que trabalho tem reuniões diárias, de segunda à sábado, que começam em torno das 20 horas. Em uma delas fui convidado a apresentar um estudo no qual abordei o trabalho de Deolindo Amorim, "O espiritismo e as doutrinas espiritualilstas".

Deolindo viveu em uma época de intensos debates no movimento em torno da identidade do espiritismo, e como tivesse conhecimento filosófico e coerência doutrinária, assumia posições contrárias aos sincretismos que os mais entusiasmados propugnavam, e que já haviam gerado diversas cisões no movimento espírita. 

Seu livro foi publicado originalmente pela Federação Espírita do Paraná, e objetiva distinguir o espiritismo das diferentes doutrinas espiritualistas em voga no Brasil. Deolindo era membro da Liga Espírita do Brasil, cuja sede era estabelecida em Niterói-RJ, e que se transformaria da FEERJ, após o Pacto Áureo. Ele somava forças com Herculano Pires e Carlos Imbassahy, dois grandes pensadores daquela época, nos congressos e encontros que organizaram.

Como pensador, sensato que era, em vez de escrever em tom panfletário, o que não lhe era característico, Deolindo analisava, calmamente, mas de forma clara e incisiva, as semelhanças e diferenças entre o espiritismo e: a rosacruz, a cabala, a teosofia, as doutrinas evangélicas, a umbanda, e o movimento espiritualista anglo-saxão. Posteriormente ele publicaria africanismo e espiritismo.

Este tema parece nunca ter fim. É muito comum os neófitos (e mesmo espíritas com muitos e muitos anos de casa) desejarem trazer algo de sua experiência pessoal para as sociedades espíritas. Recentemente ouvi pessoas quererem trazer o reiki para as casas espíritas (talvez pela similitude com os passes), as práticas de medicina chinesa, a cromoterapia, a acupuntura (que hoje é uma especialidade médica em nosso país, portanto, regulamentada), os florais de Bach  e outras práticas/filosofias, nas quais parecem perceber alguma identidade de conceitos, mas que tem suas diferenças. 

Parece haver uma nova onda africanista no movimento, e como se vende de tudo nas livrarias, a leitura de um livro opinativo, ainda que considerado mediúnico, parece ser suficiente para sacramentar sincretismos. Felizmente, há pessoas lúcidas no movimento, como o Pedro Camilo, que muito recentemente publicou um artigo no qual se dirige respeitosamente à umbanda e aos umbandistas, mas reafirma a identidade destas duas práticas, posicionando-se contra as misturas.
Voltando às palestras na Associação Espírita Célia Xavier, em uma delas, uma frequentadora perguntou se eu não considerava os cultos afrobrasileiros e o espiritismo como sendo a mesma coisa. Em outra, um frequentador ficou incomodado com o trabalho do Deolindo e veio me questionar após a palestra. Quando reafirmei o que disse ele desabafou: eu não vou deixar de tomar os meus banhos de flores brancas... 

Creio que na esfera particular, devemos respeitar o livre-arbítrio das pessoas.  A questão maior é quando, querendo reconhecimento social para escolhas individuais, elas resolvem querer implantar suas combinações pessoais nas casas espíritas, como forma de buscar reconhecimento. Se em nome da tolerância os trabalhadores da casa aceitam, em breve não se conseguirá mais  identificar o que é espiritismo e o que não é.

Jáder Sampaio

Umbandização da prática mediúnica espírita?



     Não sou contra a Umbanda, muito menos contra os espíritos que nela laboram. Penso que lá, tal como no seio espírita, existem os que são esclarecidos e outros em condição mediana, que dão daquilo que tem, embora ainda bastante limitados em seus conhecimentos e na apreensão da realidade espiritual.

     Durante muito tempo, até os 13 anos de idade, convivi em meio às práticas de Umbanda e de Candomblé. Acompanhava meu pai em suas muitas visitas a diversas casas, em sua busca por respostas a uma série de questionamentos, e vi, com meus próprios olhos, fenômenos e prodígios de arrepiar muita gente.

     Conversei com caboclos e pretos-velhos; ouvi verdades e conselhos que muito me auxiliaram; tomei banhos, provei beberagens, degustei pratos e muito aprendi durante todos aqueles anos de convivência produtiva; convivência, aliás, que em muito me preparou para o trato natural com a mediunidade, na seara espírita.

     Até os dias de hoje, sou acompanhado por um espírito, que se apresenta como um “preto-velho”, cuja simpatia foi conquistada naqueles tempos e que prossegue até os dias de hoje.

     Faço esse preâmbulo ao meu texto com a única finalidade de dizer que não sou contra a Umbanda, o Candomblé ou qualquer outra manifestação religiosa que encerre, no seu culto, práticas mediúnicas. Ao contrário, entendo e reconheço seu valor, acreditando que são formas válidas de crença e que trazem uma filosofia de vida que muito ensina aos seus adeptos.

     Entretanto, a par do meu respeito e da minha admiração pela Umbanda, não posso, também, negar que, a partir dos 13 anos de idade, fiz a opção de abraçar o Espiritismo. Tal opção descortinou, para mim, a compreensão daqueles fenômenos que tão moleque presenciei e de outros tantos que não conhecia.

     Entendi que a prática espírita, ou melhor, a prática mediúnica espírita, é destituída de amuletos, velas, ídolos ou objetos externos de adoração. Sendo, todos eles, recursos para canalizar o pensamento em busca das energias que se quer mobilizar, vamos aprendendo a utilizar a prece e a concentração nesse objetivo, sem o recurso a cultos exteriores.

     Aprendi, também, que banhos e queima de pólvoras, conquanto possam trazer bem estar e surtir um efeito agradável sobre a mente e as emoções, não nos “limpam” de nossas verdadeiras impurezas. Se a “sujeira” está na alma e é de fundo moral, somente a higiene moral, surgida com a “transformação moral e os esforços para domar as más inclinações”, será capaz de libertar e proteger os indivíduos das “más influências”

     Nela, na prática mediúnica espírita, não há gurus ou algo parecido, devendo, cada colaboração, ser considerada como válida e igualmente apta para nos ensinar sobre a verdade. Assim, não temos “pais” nem “mães”, “sacerdotes” ou “sacerdotisas”, “irmãos” ou “irmãs”, mas tão somente colaboradores que abraçam a tarefa mediúnica a fim de auxiliar, à medida que auxiliam a si mesmos.

     Os espíritos que se comunicam, na prática mediúnica espírita, não são deuses ou seres angelicais, demônios ou santos, mas tão somente “homens sem os corpos”, pessoas que deixaram a vida física e, agora na realidade espiritual, retornam para compartilhar suas experiências e ensinamentos. Podem ser cultos ou incultos, sábios ou ignorantes, predominantemente bons ou maus, conforme suas peculiaridades, e devem ser tratados com respeito e bom senso.

     Considerando que espírito, em sua realidade intrínseca, não tem cor, sexo ou idade, pouco importa se são brancos, pretos ou amarelos; homens ou mulheres; velhos ou novos – todos são iguais aos olhos de Deus, devendo ser acolhidos, amados e respeitados em sua singularidade.

     Contudo, assim como, em nossa residência, alguém que nos visite e nela se hospede deverá, nada obstante seus hábitos e costumes, adaptar-se aos costumes, hábitos e regras de quem hospeda, também nós, em nossa prática mediúnica espírita, deveremos prezar pelos princípios e orientações ensinados pelo Espiritismo, esclarecendo a este ou àquele espírito quais são os critérios de colaboração e assistência daquele grupo.

     Pouco importa quem seja o espírito! Se foi um padre e deseja rezar uma missa, que o faça em uma Igreja Católica, inspirando um padre, mas não no Centro Espírita! Se foi protestante e almeja pelo seu culto específico, que se dirija a um templo protestante e se reúna aos de pensamento semelhante! Se se trata de um espírito vinculado à Umbanda, pretendendo receitar banhos, limpezas, velas e práticas semelhantes, que se acerque dos Centros de Umbanda, onde encontrarão o ambiente específico para suas habilidades! Se quiserem, porém, colaborar nas Casas Espíritas, deverão se ajustar à proposta e aos critérios nelas adotados, à luz das lições de Kardec, com todas as suas peculiaridades e ensinamentos.

     Voltando a minha experiência pessoal. Quando, na prática mediúnica espírita, identifiquei a presença do preto-velho que se vinculou a mim desde os tempos da Umbanda, fiz-lhe a seguinte proposta: “poderemos trabalhar juntos, desde que o amigo aceite os critérios apresentados pelo Espiritismo”. Como ele aceitou, seguimos, há quase 20 anos, numa parceria mediúnica profícua e de muito aprendizado recíproco.

     Não se trata, volto a dizer, de qualquer tipo de discriminação. Também não emito qualquer juízo de valor, dizendo que este é bom ou aquele é ruim. Tampouco é um ato de intolerância religiosa, ou mesmo de “coro à desunião”. Seremos, sempre, todos unidos no desejo de fazer o Bem, embora por caminhos distintos. Como tudo é uma questão de opção, que cada coisa seja colocada no seu devido lugar e cada um busque a prática e a vivência com que melhor se identifique.

     Nem devemos “espiritizar” a Umbanda, nem devemos “umbandizar” o Espiritismo!


Pedro Camilo (Salvador/BA)
Advogado. Mestre em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia. Professor Auxiliar de Direito Penal e Processual Penal da Universidade do Estado do Bahia. Escritor e expositor espírita. Trabalhador do Núcleo Espírita Telles de Menezes, de Salvador, Bahia.
Escreveu os livros "Yvonne Pereira: uma heroína silenciosa", "Devassando a mediunidade" e "Mediunidade: para entender e refletir"; organizou o livro "Pelos caminhso da mediunidade serena"; mediunicamente, o Espírito Bento José escreveu, por seu intermédio, "Mente Aberta.



quinta-feira, 11 de abril de 2013

Os Fantasmas da Mente


Revendo arquivos e arquivos espirituais, assinalamos quedas lamentáveis daquelas almas chamadas pelo Senhor, em todos os tempos, a compromissos na Seara do Aperfeiçoamento Humano e, especialmente, neste último século, as que foram convocadas para servir à Doutrina Espírita.


Justo, assim, venhamos a destacar que dentre todas as provas humanas em que sucumbem os tarefeiros mais promissores, três existem mais graves e mais frequentes: o abuso da autoridade, o envilecimento do sexo e a paixão do dinheiro.

Vejamos alguns exemplos.
Nos excessos do poder, surpreendemos, a cada passo: a concorrência a posições destacadas nas galerias de mando terrestre, em prélios acirrados e violentos, nos quais grandes esperanças e sublimes projetos da Espiritualidade são impiedosamente exterminados nos desvarios da inteligência; a transposição de forças, que deveriam ser criteriosamente aproveitadas nas construções doutrinárias, para o endeusamento da personalidade e consequente procrastinação de serviços ligados à emancipação coletiva e ao aprimoramento humano.


Nos desregramentos afetivos são comuns: a fuga aos compromissos sentimentais assumidos, com a destruição de uniões e lares organizados pela esfera superior, na condição de bases destinadas à reencarnação de elevados missionários dispostos a contribuir na redenção da Terra, exalçando o futuro; a rendição da pessoa às teias da aventura emocional, em cujos fios viscosos pululam entidades vampirizantes, interessadas na hipnose de condição inferior, sob a qual tombam numerosas almas sensíveis, situadas no campo terrestre para feitos gloriosos da mediunidade.

Nos delírios da usura repontam calamidades das mais encontradiças: a capitulação diante de tentações infelizes, no manuseio de altas subvenções dessa ou daquela procedência, em cuja trama caracteres bem intencionados se vêem envolvidos nos jogos da apropriação indébita, fantasiada de competência; a vinculação gradativa a propinas douradas, à margem do serviço fraterno, propelindo sorrateiramente a criatura para os desvios absconsos do profissionalismo religioso.

Os Espíritos Mentores permitem que o seareiro do bem seja testado, de modo a lhe verificarem as forças para que se lhe dilatem encargos e ações.

Geralmente, o companheiro em falência não é a única pessoa a se prejudicar em semelhantes defecções e, por esse motivo, às vezes, os Orientadores Maiores julgam mais acertado que o problema surja de imediato, para prevenir quedas futuras, piores e mais espetaculares de comunidades inteiras.

Todos os caminhos da obsessão disfarçada, que apontamos, constituem aferidores espirituais dos cultivadores do bem e da luz, conscientes das próprias responsabilidades, sem qualquer tangente à desculpa, por deterem consigo forças suficientes para superá-los. E, por isso mesmo quando caem, não encontram apoio algum dentro de si mesmos para eximir-lhes a culpabilidade, adotando, então, o afastamento das tarefas, a estagnação das próprias vidas e a perdida oportunidade evolutiva que a reencarnação lhes oferecia.

Precatem-se, pois, nossos irmãos domiciliados na esfera física, porquanto, no abuso da autoridade, no envilecimento do sexo e na paixão do dinheiro, levanta-se a trilogia sinistra dos mais perigosos fantasmas da mente, a lançar muita gente boa e capaz nas sarjetas da sombra e nos despenhadeiros da inutilidade.

Espírito ALBANO COUTO

(Página recebida pelo médium Waldo Vieira em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã na noite de 21-5-62, em Uberaba, Minas.)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Frederico Chopin e Yvonne A. Pereira



"Asseverou-nos que sabia ser ele muito amado pelos brasileiros, o que particularmente o enternece. Mas observa que ninguém lhe dirige uma prece, e que necessita desse estímulo para as futuras tarefas que empreenderá, ao reencarnar, quando pretende servir a Deus e ao próximo, o que nunca fez através da música. Declarou que, salvo resoluções posteriores, pretende reencarnar no Brasil, país que futuramente muito auxiliará o triunfo moral das criaturas necessitadas de progresso, mas que tal acontecimento só se verificará do ano de 2000 em diante, quando descerá à Terra brilhante falange com o compromisso de levantar, moralizar e sublimar as Artes. Não poderá precisar a época exata. Só sabe que será depois do ano de 2000, e que a dita falange será como que capitaneada por Victor Hugo, Espírito experiente e orientador (a quem se acha ligado por afinidades espirituais seculares), capaz de executar missões dessa natureza."

Yvonne do Amaral Pereira, relatando o que Frederico Chopin, como Espírito, lhe revelara numa conversa. Do livro “Devassando o Invisível”.